Uma pesquisa realizada em Julho pela área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, através de um questionário via internet aponta os desafios de mães e pais brasileiros diante das dificuldades alimentares na infância, situação que pode prejudicar o bem-estar da criança a curto, médio e longo prazo.
Quase nove em cada dez entrevistados relatam entraves para fazer a garotada ter uma dieta variada e balanceada e consumir uma quantidade suficiente de frutas e hortaliças.
São situações capazes de repercutir, tanto a curto quanto a longo prazo no desenvolvimento físico, psicológico e social dos pequenos.
Através deste questionário respondido pela internet, eles indicaram que, além da rejeição a conhecer e saborear novos alimentos (61% dos casos), atitudes como desinteresse pelo prato ou brincadeiras e distrações no momento da refeição fazem parte de cerca de 40% dos lares dessas crianças que apresentam dificuldades à mesa.
Segundo especialistas, é natural uma recusa inicial em aceitar novos alimentos até que a criança se acostume com eles ou amadureça. O que chama a atenção na pesquisa é que essa dificuldade chega a 66% entre crianças de 6 a 10 anos de idade, e quando isso se intensifica e se torna crônico, pode comprometer o desenvolvimento infantil e toda a dinâmica familiar.
O estudo da Abril confirma que, na ânsia de fazer a criança comer bem, muitos pais se rendem à barganha e oferecem compensações nem sempre saudáveis.
Eventuais prejuízos físicos e cognitivos ocasionados por déficits nutricionais preocupam boa parte da amostra. E ainda, em tempos de pandemia, 86% relatam medo de que a dieta inadequada prejudique a imunidade.
A atenção do médico, aliás, é fundamental na identificação das dificuldades alimentares e no planejamento de estratégias para minimizar a relutância das crianças e ajudá-las a comer melhor. A questão é que, durante sua formação, nem sempre o pediatra recebeu treinamento para diagnosticar e tratar esse tipo de problema.
A pesquisa mostrou que em 90% dos casos partiu dos pais a iniciativa de levantar o assunto durante a consulta com o médio da criança.
Na busca por maneiras de contornar os desafios, muitos recorrem a pesquisas na internet. Redes sociais compõem mais de 30% das fontes de informação e algumas mães seguem recomendações de influenciadores digitais, nem todos com formação específica na área e condições de auxiliar. Vale ressaltar que, dependendo da complexidade do problema, os trabalhos dos profissionais precisam ser complementares, onde o pediatra deve auxiliar, assim como também o nutricionista e o fonoaudiólogo.
O plano de superação exige olhar atento, conscientização e engajamento tanto do entorno familiar quanto dos profissionais de saúde.
Separamos algumas dicas para ajudar nesse processo de superação. Fique atendo!
- Servir as refeições em ambientes tranquilos e livres de distrações como TV, tablets e brinquedos
- Oferecer outras vezes o que a criança se negou a comer. A rejeição tende a ser passageira e pontual
- Ao apresentar novamente um item recusado, misturar a um ingrediente que a criança aceita bem: se gosta de ovo, a couve-flor vai na omelete, por exemplo
- Incluir o filho em alguma etapa do preparo, seja na escolha na feira, seja na hora de montar uma salada
- Modificar o tipo de preparo, variar temperos e também a forma de servir: numa colher, no copinho, no palitinho
- Planejar o cardápio com itens que a criança come na boa, introduzindo variações aos poucos, para aplacar a ansiedade